Eu morri. Quer dizer, eu achava que tinha morrido. Derepente tudo estava preto e eu só ouvia um zumbido. Sentia também que estava descendo.
Começou devegar e foi ficando rápido, rápido e rápido. Foi quando eu ouvi um “tum”. Eu estava num elevador e agora ele estava devagar, mais devagar e parando. Ouvi também um “zzzzzz” era uma porta se abrindo.
Foi quando eu vi.
Era uma enorme ponte, ligando a saía da boca do elevador e, quanto mais longe ela ia, mais larga ela ficava. Era transparente e cravejada de diamantes; embaixo dela, eu via; pessoas, muitas pessoas.
Algumas pulando, muitas gritando e se jogando no chão, agarrando umas as outras, dançando, rastejando e urrando. Era desespero. Não era desespero.
Existia uma musica ao fundo, algo que eu já tinha escutado antes mas, não me lembrava o que era.
Comecei a andar pela ponte. Comecei a correr pela ponte e não tinha para onde ir. Corria, corria e não conseguia sair do lugar. Já não podia voltar. Queria o elevador, porém, ele já não estava mais lá.
Me desesperei. Depois tentei recuperar meu fôlego.
Foi quando me viram, lá debaixo e começaram a gritar meu nome e clamar por mim.
Foi quando vi que não eram pessoas e sim diabos, demônios, bestas, feras de todos os tipos; tentando levantar vôo com suas asas esdrúxulas.
Existia muito fogo onde eles estavam e talvez por isso eu visse um misto de excitacão com medo e dor nos olhos, cor avermelhada, deles.
Alguns conseguiram de fato escalar a ponte e começaram a me perseguir.
Neste mesmo momento, o elevador se abriu. De lá saiu uma pessoa, eu sentia que a conhecia, mas não sabia dizer da onde, como, ou o que ela estava fazendo ali.
Ela saiu completamente perdida. Estava desesperada por quê, antes mesmo dela conseguir sair do elevador, os demônios já pularam em cima dela; mordendo, puxando cabelo, entre outros.
Juntou-se a mim.
Nesta hora a música aumentou o volume, eram batidas intensas, que entravam na nossa cabeça e deixavam a gente louco, completamente recheado de medo e loucura.
De repente uma risada estridente que me arrepiou todos os fios do cabelo, lá, do outro lado da ponte.
E, quando outrora era impossível enxergar o fim dela, se abre uma outra porta, aliás um portão imenso. De lá, sai a besta das bestas, o diabo.
O diabo com seus chifres gigantescos, sua cara asquerosa, rindo e apontando para a gente. E, claro, batendo seu cajado, tridente, no chão com tanta força que as vibrações também entravam na nossa cabeça e deixava a gente mais pirado ainda.
Dai era só correr se não, literalmente os bichos nos pegavam.
Começamos a correr muito, muito e, muito. Corremos freneticamente em direçao ao diabo-mor; pois este, pelo menos ainda sorria e a batia seu cajado maldito. Ao contrário das feras que davam rasantes nas nossas cabeças e faziam com que a gente tivesse que nos esquivar delas.
Sem falar nos demônios que conseguiram subir à ponte e estavam rastejando no chão e grudando nas nossas pernas. Pulavamos por cima deles e em alguns pisávamos e ouvíamos gritos de pavor.
A corrida foi longa até chegarmos na cara do Diabo.
Foi quando ele esticou o braço peludo e enxofrado na nossa direção!
Fechei os olhos. Tudo ficou preto novamente. Quando os abri; que ví. Não morri. Mas, tinha certeza que tinha devaneado.